"Foi a frase de Augusto de Campos que me impeliu a dois anos de mestrado e um desafio: tirar Pagu dos escombros a que a história oficial destina àqueles que são dissonantes... ou pelo menos, aquela história oficial dos anais, das ditaduras e dos manuais...
A história que eu buscava era oficiosa. A dos que foram silenciados... Seguia o viés de Walter Benjamin, de que a função do historiador é dar voz aos que não podem mais falar.
Vesti-me de dignidade e aproximei-me de Pagu... E a cada passo que dava em direção a ela, mais ela se mostrava digna, coerente, inteira em busca pela justiça.
Biografar Pagu foi a maneira que encontrei de dar-lhe voz. E. ao contrário de redimi-la, foi ela quem veio me justificar. Ao dar-lhe voz, pude me fazer ouvir...
Ludmila sempre me comoveu com sua coerência artística.
A ela eu dei minha pesquisa de olhos fechados na certeza de que Pagu seria tratada com a consideraçãoque tanto lhe faltou enquanto viva...
O resto é como a vida, a work in progress!!!"
Tereza Freire é colaboradora deste projeto e autora do livro Dos Escombros de Pagu
COCO (Raul Bopp)
Pagu tem olhos moles
uns olhos de fazer doer
Bate-coco quando passa
Coração pega bater
Eh Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer
Passa e me puxa com os olhos
provocantissimamente
Mexe-mexe bamboleia
pra mexer com toda gente
Eh Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer
Toda gente fica olhando
seu corpinho de vai-e-vem
umbilical e molengo
de não-sei-o-que-é-que-tem
Eh Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer
Quero porque te quero
Como não hei de querer?
Querzinho de ficar junto
que é bom de fazer doer
Eh Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer
(1928)
QUEM
LUDMILA ROSAé atriz. Começou seus estudos de teatro e dança na UFBA, em Salvador. Estudou no The City Lit Institute e na London Contemporary Dance School, em Londres.
Em São Paulo, trabalhou por cinco anos com o Grupo Macunaíma, dirigido por Antunes Filho, no CPT (Centro de Pesquisa Teatral). Neste grupo, protagonizou espetáculos como Nova Velha História, Drácula e Outros Vampiros, entre outras.
Participou da Cia de Ópera Seca, dirigida por Gerald Thomas. Atuou em montagens como Ventriloquist, NXW, Esperando Beckett, dentre outras. No Rio de Janeiro, trabalhou com diretores como Domingos Oliveira, Ivan Sugahara e Pedro Brício. Desde 2003, colabora com o Coletivo Improviso, dirigido por Enrique Diaz, onde concebeu e atuou no espetáculo Não Olhe Agora. Concebeu, atuou e produziu o seu primeiro trabalho solo Desabotoa Minha Gola, inspirado na vida e obra de Pagu.
No cinema atuou nos longas Seja o que Deus Quiser, de Murilo Salles e À Beira do Caminho, de Breno Silveira e A ColeçãoInvisível, de Bernard Attal (estreias 2012)
Na tv participou do seriado Mulher e Terra dos Meninos Pelados e da minissérie Chiquinha Gonzaga (Globo) e do seriado Anjos do Sexo (Band). Participou de diversos festivais de teatro e cinema no Brasil e no exterior.
atriz por vocação. jornalista por formação. mãe por opção. viajante por natureza. e dona-de-casa-porque-não-tem-outro- jeito.
mas se você quiser saber mesmo quem eu sou, vai ter que chegar mais perto.